sábado, 24 de maio de 2014

PF prende alto escalão de Políticos de Mato Grosso

Governador teria quitado empréstimo pessoal com verba pública em MT

Empréstimo feito por Silval deu início ao esquema, segundo inquérito.
Dívida foi feita e paga por meio de Éder Moraes, então secretário de Fazenda.

Pollyana AraújoDo G1 MT
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"Como deve aparecer dinheiro para ampliação de projetos, eu vou buscar", anunciou Silval. (Foto: Renê Dióz/G1)Silval Barbosa ainda não se manifestou sobre
acusações (Foto: Renê Dióz/G1)
O esquema de lavagem de dinheiro que teria a participação de políticos mato-grossenses, entre eles a do senador Blairo Maggi (PR), teve início em 2008 após um empréstimo no valor de R$ 4 milhões feito pelo governador Silval Barbosa (PMDB), então vice-governador do estado, que teria sido quitado com dinheiro público. A informação consta do inquérito que tramita na 5ª Vara Federal em Mato Grosso. À época, Maggi era governador do estado.
Silval ainda não se manifestou sobre o assunto. O advogado dele, Ulisses Rabaneda, disse que só irá se manifestar sobre o assunto após ter acesso ao processo. Ele disse ao G1 ter solicitado cópia na íntegra, mas que ainda não a recebeu. Já Maggi negou ter tido qualquer relação com o proprietário do 'banco clandestino' que fez empréstimos aos integrantes da organização.
O empréstimo teria sido contraído junto à empresa Globo Fomento Mercantil, que atuava como 'banco clandestino' e tinha como proprietário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça. Porém, após o empréstimo feito por intermédio do ex-secretário de Fazenda e da Casa Civil, Éder Moraes, não ter sido pago, o empresário procurou Éder no gabinete dele, na Secretaria de Fazenda (Sefaz). A resposta obtida foi de que a dívida seria paga por meio de uma empresa de advocacia.
Operação Ararath (Foto: G1.com.br)Operação Ararath (Foto: G1.com.br)
"A partir desse empréstimo destinado a Silval Barbosa, pago com recursos públicos, teve início ao que se denominou 'conta-corrente', por meio da qual Gércio Mendonça, via suas empresas Globo Fomento Ltda e Comercial Amazônia de Petróleo Ltda, operando conjuntamente com Éder de Moraes instituição financeira clandestina, realizaram inúmeros outros empréstimos em favor do grupo político [Blairo Maggi e Silval Barbosa], assim comotransferências bancárias para fins de ocultar a origem ilícita dos recursos", diz trecho do inquérito.
Na ocasião, Éder se comprometeu a honrar com o compromisso, a partir do depósito de R$ 4,7 milhões que seria feito pelo escritório de advocacia, sendo que apenas R$ 2 milhões ficariam com Júnior Mendonça e o restante seria repassado para pessoas indicadas pelo então secretário de Fazenda, que encontra-se no Complexo da Papuda, em Brasília, após ter a prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi preso na terça-feira (20) durante a Operação Ararath, deflagrada pela Polícia Federal.
Júnior Mendonça disse ao Ministério Público Federal (MPF) que, nesse encontro, Éder lhe propôs se tornar credor de R$ 9,5 milhões a serem pagos pelo escritório de advocacia, que juntamente com uma empresa de construções e terraplanagem que teria como sócio o próprio governador do estado, iriam receber a título de precatórios da Companhia de Saneamento do Estado (Sanemat). Esses precatórios teriam sido pagos fora da ordem cronológica de pagamento, como havia apontado o Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Conforme o empresário, Éder iria operacionalizar o recebimento do precatório por meio da abertura de uma conta conjunta entre o escritório de advocacia e a empresa de construções e terraplanagem. Com essa movimentação financeira por meio da empresa financiadora de crédito, havia a suposta lavagem de dinheiro.
Outro empréstimo feito pelo governador junto à factoring, que operava sem a autorização do Banco Central, teria sido feito em 2010, quando ele buscava a reeleição. Na época, ele assumiu o cargo após a renúncia de Blairo Maggi, que teria solicitado a uma instituição bancária que fossem atendidas a todas as necessidades de Éder Moraes, suposto intermediador das negociações financeiras. Júnior Mendonça disse ter emprestado R$ 4 milhões para que Silval gastasse na campanha. Essa dívida teria sido paga em cheques e dinheiro em espécie.
Em busca de provas
Na Operação Ararath, agentes da PF apreenderam documentos e materiais na casa do governador e de outros políticos do estado suspeitos de integrarem o esquema criminoso. A intenção era pegar um caderno espiral onde, segundo o dono do 'banco clandestino', Silval anotava as dívidas que tinha com a factoring. A investigação do caso ainda não foi concluída.
Durante as buscas, foi encontrada uma pistola com registro vencido. Por conta disso, Silval chegou a ser detido e encaminhado à sede da Polícia Federal, em Cuiabá. No entanto, ele foi liberado após o pagamento de fiança no valor de R$ 100 mil.
Fonte: G1 GLOBO
http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2014/05/governador-teria-quitado-emprestimo-pessoal-com-verba-publica-em-mt.html

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